
Uma grande bobagem de quem não tem o que fazer, o “queijo minas” feito com leite cru -como os mineiros crêem que deva ser e fazem há séculos-, agora ameaçado de morte por uma possível proibição total do uso de leite cru em produtos lácteos. Não é possível imaginar a França sem o seu camembert de leite cru. Ele se tornou um ponto de honra do orgulho nacional contra o abuso das negociações do Gatt, em 1993, que queriam abolir a comercialização mundial de queijos de leite cru. Os franceses se puseram em pé de guerra e venceram. “Passei a minha infância comendo queijo de leite cru (pra falar a verdade tive até um certa overdose), e estou bem forte, graças a Deus. O que esses caras de Brasília entendem de saúde?” Afora o velho produtor, não parece muito grave ficar sem o "queijo minas", produzidos em várias microrregiões do Estado de Minas Gerais. Se fosse grave, estaríamos em pé de guerra como os franceses. Matar um produto tradicional, apreciado, equivale a liquidar parte do nosso prazer ao comer e nos empobrece culturalmente. Mas governo não é coisa uniforme. Enquanto, com uma mão, tomba o queijo do Serro e o declara “patrimônio nacional”, com a outra nega aos produtores o registro do serviço de inspeção sanitária (SIF) para o produto circular nacionalmente. Ao se cozer o leite, elimina-se microorganismos únicos e se perde a especificidade do produto. Para escapar a essa morte, o “queijo minas” de leite cru sai de Minas Gerais para uma longa viagem ilegal, clandestina, cheia de peripécias que envolvem a polícia, o fisco e o mercado informal das grandes cidades. Como pensar e fruir o “patrimônio nacional”, se ele está condenado à clandestinidade?Se continuar assim, acharemos cartazes no submundo do varejo com as seguintes inscrições. Procura-se queijo Minas - Vivo ou morto.
Wagner Lanna
2 comentários:
Fruir. Taí uma palavra muito presente no vocabulário do nosso amigo Wagner.
Adoro fruir esse tipo de comentário.
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